Uma das coisas que mais preocupa os pais é a educação dos filhos. E como na grande maioria, as crianças ficam o dia todo na escola, as questões de alimentação, higiene e hábitos passam a povoar a cabeça desses pais.
Logo que chegamos nos Estados Unidos, a Helena foi para a escola. Uns dias antes dela começar, a professora e a assistente – que recebem o tratamento de Ms, “senhora” em inglês – foram até em casa para conhecê-la e fazer da transição e adaptação um processo menos doloroso do que ia ser.
A conversa foi sem jeito e muito rápida. Mas tinha feito uma lista com as coisas que mais me preocupavam. A conversa continuou sem jeito e rápida. E para fechar eu mandei: “Bom, então eu mando uma troca de roupa, o almoço e a escova de dente, né?” … silêncio constrangedor … “Well, we do not brush teeth after lunch… you don’t need to send it…”
Não sei que cara consegui fazer na época, mas deve ter ficado claro que tinha alguma coisa errada em não escovar o dente depois do almoço.
Eis que para minha surpresa, em terras brasileiras, as crianças voltaram a escola – por “n” razões que não vou listar. Pode pensar o que quiser, porque já ouvi cada uma que agora nem dói mais. O ponto é que a Helena teve que levar não apenas uma, mas duas escovas de dente, porque ela fica em lugares diferentes ao longo do dia e – pasmem! – escova os dentes depois do almoço e dos lanches…
Mas nem tudo são flores e gafes para o lado da América. Quem colocou filho pequeno em berçário sabe como é o processo de adaptação. Pois bem, o Antônio, com 6 meses, começou a ir três vezes por semana para um berçário nos Estados Unidos.
Primeiro dia, levo ele e todas as tralhas. Nada de adaptação. Você descreve a rotina da criança na tentativa de prolongar o momento mas, o bottom line é “tchau”. Podia ser porque ele era muito pequeno, não sentiria a mudança. ERRADO! Ano passado (ano letivo que começa em setembro), ele já tinha um ano e passou a ir para a mesma escola da Helena. A mesma coisa. Os pais podem ficar observando através do vidro, mas a criança já começa na rotina da escola e, apenas em casos muito sérios, eles telefonam para casa.
Aqui, chegamos num sábado, na segunda-feira, as crianças foram para a escola. Não queriam que eu as deixassem sem fazer adaptação. Toca explicar que até sexta-feira estavam na escola, que estão acostumados, que não tinha necessidade de adaptar. Conclusão, a Helena entrou feliz da vida e foi brincar e o Antonio foi classificado como “muito pequeno” e eu teria que esperar para ver se ele ficava bem. Assim que entrou, ele fez seu charme habitual de abrir a boca num som agudo e fechar os olhos como se estivesse chorando. A “tia”, muito preocupada com seu bem estar, vinha e mostrava que a mamãe estava lá esperando por ele.
O menino, que de bobo só tem o jeito de andar (como diria uma amiga), sacou rapidinho e em poucos minutos lá estava eu dentro da sala de aula. Fiquei o tempo da adaptação e falei para a coordenadora: “Conheço a figura, ele tá fazendo manha. Hoje eu fiquei, faço a adaptação, ele vai embora comigo. Mas amanhã, nem que ele chorar de verdade. Tenho entrevista no consulado e ele vai ficar. Se chorar mais de duas horas seguidas, pode ligar para eu vir buscar.”
Alguém ligou? E a cara de alegria do figura as quatro e meia da tarde?
Fotos: FreeDigitalPhotos.net
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