Gafes Culturais – Aniversário

Já que este foi um dos temas do mês, achei que poderia ser uma boa começar a a falar sobre pequenas e sutis diferenças culturais que fatalmente se transformam e gafe.

Que a interação social dos americanos é muito menos efusiva do que as dos brasileiros, isso já é sabido. Mas existem algumas particularidades nas comemorações de aniversário por aqui. Vou dizer das experiências que tive, ambas festas infantis. Como as coisas aqui são bastante formais, há uma série de regras ou comportamentos esperados que não tem como adivinhar se ninguém conta.

Tínhamos quatro ou cinco meses que estávamos aqui e a Helena recebeu um convite para comemorar o aniversário de um colega de classe. Fui pedir ajuda aos veteranos da terra. Munida do convite, recebi as instruções.

Uma das grandes diferenças é que, mesmo sendo na casa da pessoa, os convites trazem a hora que começa e a hora que termina. Em geral, não mais que três horas. Não preciso nem dizer que se deve chegar pontualmente no horário combinado. E sair impreterivelmente após o bolo. “Mesmo que o anfitrião fale para você ficar mais um pouco. Não fique!” Instruções expressas.

Agora o que foi muito estranho era saber que havia a possibilidade de ter comida somente para as crianças. Muitas festas aqui tem um pedaço de pizza para cada criança, bebida e o bolo. Fui somente em duas festas até hoje. A primeira era às dez da manhã e os pais podiam comer. Tinha uma salada de macarrão, cubinhos de queijo, Golden Fish (biscoito com gosto de nada em forma de peixinho), frutas e bagel pizza (mini pizza feita no pão bagel).

Na segunda festa, foi num lugar que lembra um buffet mas… não é. O Boomers (www.boomersfamilyfun.com) é um espaço com jogos e brinquedos que você paga para entrar e brinca nos brinquedos. Por ter essa estrutura, também aluga para festas. Mas o mais estranho é que o “pedaço” onde está a sua festa não é exclusivo. Qualquer um pode entrar e brincar naqueles brinquedos. Este tinha suco e água e sanduíche de metro. Antes do “Parabéns”, as crianças sentaram numa mesa e comeram pizza.

A hora do parabéns! Ah, que hora tão feliz.

No meu “debut“, depois de uma hora e meia de festa, todos se reuniram para o tão esperado parabéns. O bolo, com o formato – e tão somente o formato  – do Relâmpago McQueen, era motivo de orgulho para a mãe que tinha comprado a forma com o manual de instrução e feito ela mesma. Me lembro da cena como um filme em câmera lenta. O “Happy Birthday” cantado a compasso de Il Silenzio (http://www.youtube.com/watch?v=ksjj8J4e2LA), mas ao primeiro acorde, quase que instintivamente, lá estava eu, batendo palma. Clap, Clap… e mais ninguém. Rapidamente percebi que havia algo errado e parei. Não se bate palmas no Happy Birthday! Alguém já tentou cantar Parabéns a Você sem bater palmas? Não sai. A letra está diretamente ligada ao gesto.

Bom, passado o choque, a regra é: NÃO bata palmas no parabéns. Ao final, as pessoas fazem um “eheheh” mas como se estivessem colando na prova e batem mais ou menos, umas cinco palmas só. Sem grande efusividade, abraços ou qualquer outra manifestação.

Portanto, check list:

(   ) Chegue e vá embora no horário. Se não estiver especificado no convite, vá embora depois do bolo

(   ) Seja educado, agradeça o convite e faça algum elogio – à casa, ao aniversariante, qualquer coisa.

(   ) Não esqueça do presente. A faixa de valor é $20 a $30. Um cartão com o seu nome (ou do convidado) é de bom tom.

(   ) NÃO bata palmas no parabéns.

(   ) Ao se despedir, agradeça uma vez mais o convite.

E divirta-se!

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