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Diferenças Culturais

Gafes Culturais – Pediatra II

Depois do choque das primeiras consultas e da adaptação ao inverno, entendi que não ir ao pediatra era a melhor opção. As consultas de rotina seriam feitas para a Helena a cada ano, pois tinha três anos e para o Antonio, seria a cada 6 meses até os dois anos e então, a cada ano também.

O problema é que cada vez que surgia uma “emergência”, era a mesma história: descrever tudo para a telefonista, repetir para a enfermeira, marcar a consulta, contar para a outra enfermeira que me atendesse e falar mais uma vez para a médica. O bom desse processo era que as frases já estavam ensaiadas, o vocabulário consolidado e era possível agregar um ou dois sintomas a mais.

Durante esse mais de um ano, tiveram algumas situações que valem destaque e acredito que devem receber o título de Gafes Culturais. Divirta-se:

1. Antonio, com um ano, teve nódulo nas virilhas. Claro que eu paniquei pelo simples motivo que os dois (Antonio e Helena) com 20 dias de vida tiveram que operar hérnia inguinal bilateral. Sim, os dois com 20 dias de vida! Toca ligar para o (santo) Dr Leonardo, que muito calmamente descarta qualquer possibilidade mas para me tranquilizar, fala para ir ao pediatra. Após a ladainha toda já conhecida (telefonista – enfermeira – consultório – outra enfermeira – médica), a sem-noção da doutora solta a pérola: Acho que não é nada mas vamos fazer um ulrassom para ver se não é câncer. Agora se ela acha que não é nada porque não fala que só vai fazer um ultrassom para garantir que está tudo bem? Sútil como um paquiderme numa loja de cristais.

2. Ainda parte do capítulo anterior, no ultrassom, óbvio que fiquei tentando sondar a ultrassonografista para ver se ela dava alguma dica. Imagina meu coração com a frase da imbecil da médica. Mas aqui, cada um com a sua função. Ela me responde que só realiza o exame e que não pode fazer nenhum diagnóstico. Isso porque tudo aqui é motivo para processo e ela não ia se responsabilizar por nada.

3. Com os check ups anuais, marquei o da Helena por volta de março que foi quando me disseram para fazer (um ano após o anterior). Na consulta, a médica faz um par de perguntas e diz, é muito cedo para fazer o check up de quatro anos. Penso eu, quando trouxer o Antonio para o check up de dois anos, trago ela de volta. Quando fui marcar a secretária: Mas ela já veio aqui esse ano para check up, o convênio não paga duas consultas. Só se ela tiver doente. Ok, mas é justamente aqui que as coisas se complicam. Na linha de raciocínio e nas convenções da sociedade. Na minha cabeça, ela precisaria fazer o raio do check up de quatro anos e tento explicar. E ela novamente me informa sobre os processos do convênio. Então, nem tão educada, disse que não me preocupava em quem iria pagar a conta e que eu poderia faze-lo, só queria ter certeza de que não precisaria fazer check up. Agora sim, ficou claro. Não precisaria fazer. Ela estava ótima e se precisasse de alguma coisa de emergência poderia vir sem problemas. E não pense que o check up é algo extraordinário. É apenas peso, altura, uma olhada rápida geral e manda fazer exame de sangue para ver anemia (precisa de um exame desse em criança sem ter nenhuma suspeita de anemia? não, eles não olham os olhos para ver se tem anemia). Tem também umas perguntinhas do tipo: quando está no estacionamento pode correr? o que tem que fazer para atravessar a rua? o que se usa para andar de bicicleta?

4. Por fim, a mais recente, no famigerado check up de dois anos do Antonio, a enfermeira que faz o preâmbulo da consulta, com sua listinha: viajou ou esteve em contato com alguém de algum país que tenha risco de tuberculose? Resultado, Antonio teve que fazer o teste.

Ai, que saudades do Dr Leonardo…Não adianta, hábitos e costumes são muito particulares de um povo. Um par de coisas vão me causar estranheza até o fim da vida, mas assim elas são. Aceito porque elas tem sua razão de ser e não cabe a mim entender.

Claro que o tema saúde tem suas nuances críticas. Quando se trata de algo sério, aqui realmente é o lugar para estar. Mas as pequenices do dia a dia, Deus nos livre de ter, porque aí… danou-se!

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Sobre Hearts and Minds

Avessa a mudanças, tive a grata surpresa de descobrir que tudo pode mudar. Menos as coisas mais importantes da vida. Porque aquilo que não toca no coração, não fica na mente.

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