É muito comum trabalhos voluntários nos EUA, de qualquer natureza. Não só pela consciência social das pessoas, mas também é considerado como algo a mais na vida profissional, como iniciativa, liderança, essas coisas.
Tive a oportunidade de me juntar a um grupo da DuPont e dedicar uma manhã para cozinhar para as famílias que ficam na Casa Ronald McDonald (Ronald McDonald House – RMH).
A iniciativa foca a ajuda para crianças com câncer. Surgiu em 1974, na Philadelphia, PA, quando a filha do jogador Fred Hill, do Eagles (time de futebol americano) teve leucemia. Junto com o dono do Clube, Leonard Tose, e o Regional Manager do McDonald’s, Ed Rensi, idealizaram e montaram a primeira casa.
Apesar do jogador ter condições de tratar a filha, ele via a dura realidade dos demais pais que não tinham recursos e dormiam no chão e nas cadeiras do hospital para estar ao lado dos filhos. Hoje são 309 casas espalhadas pelo mundo, sendo que no Brasil, a primeira foi aberta em Campinas em 2009. Hoje já tem no Rio de Janeiro, São Paulo, Jaú, Belém e Santo André.
A casa em Delaware foi aberta em 1986 e tem acomodação para 50 famílias. Cada quarto tem uma cama de casal e uma de solteiro, assim os irmãos podem também estar por perto no período que não têm aula. Com uma estrutura similar a um hotel, a casa tenta oferecer omáximo de conforto e alternativas para uma vida “normal”, já que muitos passam a morar lá durante o tratamento. São salas de jogos, biblioteca, cinema e até um pequeno salão que uma vez por semana à noite tem um profissional para cortar cabelo e fazer manicure.
Cada quarto custa $15 por dia com as refeições incluídas. Vários restaurantes contribuem com a casa, fazendo o jantar uma vez por semana e a renda da RMH vem de doações e eventos beneficentes, sendo o American Dolls Fashion Shows.
Quando chegamos (fui com minha sobrinha), fomos direto para a cozinha. Ao todo eram nove voluntários, imagino que todos da DuPont, porque excluindo duas moças e um rapaz, ninguém nos dirigiu a palavra. A proposta era fazer “baking goods”, qualquer bolo, torta ou cookies que pudessem congelar. Um grande cuidado que eles tem é em relação à comida. Você não pode levar nada pronto, tem que cozinhar lá. A única exceção são os “baking goods”. Mas de qualquer forma, esse dia era dedicado a preparar as coisas lá.
A RMH tem poucos funcionários mas vários voluntários. Há uma lista de espera de alguns meses para se tornar voluntário e o processo não é simples. Primeiro porque se leva bem a sério, não é porque é voluntário que não há compromisso. Mas o principal é a seleção e os pré requisitos. Não é fácil encarar a realidade da casa.
Apesar da decoração alegre por conta das crianças, não é possível sair de lá sem se emocionar, para dizer o mínimo. Principalmente por todos os voluntários que dedicam seus recursos – seja seu tempo e até mesmo dinheiro – para trazer um pouco de conforto a essas famílias. Sai de lá com a certeza que cada dia é especial, uma benção de verdade. Um oportunidade de fazer melhor mas triste por saber que precisamos ver o sofrimento para lembrar o quão valioso é cada amanhecer e cada pessoa em nossa vida.
Somos tão pequenos diante da imensidão do mundo mas mesmo assim podemos fazer a diferença. Não importa o que a marca McDonald’s representa no universo capitalista, o trabalho da casa é extremamente sério e importante. Se você puder, participe pelo menos do Mc Dia Feliz. Eu vi de perto e agradeço por poder fazer de novo.
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