Essa semana, fez o dia mais frio de toda minha estada nos EUA e, seguramente, o mais frio da minha vida. Muito embora tenha saído pouco de casa, não senti o frio que lembrava ter sentido no inverno passado.
Fiquei pensando se tudo era relativo ou a capacidade de adaptação do ser humano é realmente algo tão incrível que nos faz amenizar as dores a medida que se tornam apenas lembranças.
Em fevereiro do ano passado, quando fui tirar alguns documentos, fazia a mesma temperatura que 4a feira desta semana (14˚F ou seja -10˚C, mas na internet dizia “feels like -14˚C”, o que tanto faz a essa altura). Tínhamos chegado aqui há pouco mais de um mês e tinha trazido todas as minha roupas de frio. E claro, nesse dia, vesti TODAS. Meu pai diria que mergulhei no guardarroupa e saí.
Tive que caminhar do meu carro até o escritório do meu marido, o que deu quase 2 minutos e senti um frio que poucos já experimentaram. Não é aquele frio entre o chuveiro e a toalha, entre sair do café e entrar no carro. É algo que começa a arder quando respira e, tudo que você lembrar da aula de biologia sobre o corpo humano, dói. Os ossos doem. A cabeça dói. O pé, a mão, o joelho, o cabelo, a unha. Tudo.
Mas agora, o frio é diferente. Porque, além das roupas e botas compradas aqui – desenhadas para as
temperaturas daqui e não as de São Paulo – estamos mais acostumados. Isso sim é fato. Nossa referência mudou e me pego dizendo nos dias que a temperatura está entre 50˚F (por volta de 10˚C) “nossa, hoje não está tão frio”. E não é da boca para fora, estamos vestindo apenas camiseta de manga comprida e um moleton. Inimaginável há um ano atrás.
A boa notícia é que nos adaptamos a tudo e as dores se tornam experiências. E, com elas, aprendemos… a nos adaptar.
Fotos tiradas da janela da cozinha de casa em Janeiro/2011 e Janeiro/2012, respectivamente.
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